Vive cansado? Conheça dez
motivos e veja como driblá-los
O cansaço virou um problema generalizado na atualidade. A
maioria das pessoas dorme menos do que gostaria e tem tarefas demais para dar
conta. Os horários impostos pela acelerada vida moderna nem sempre correspondem
ao ritmo biológico do organismo de cada um, o que leva a essa sensação de
esgotamento interminável.
O cronobiologista (cientista que estuda os fenômenos biológicos recorrentes em
uma periodicidade determinada) Till Roenneberg, professor da Universidade
de Munique, na Alemanha, e presidente da Sociedade Europeia de Ritmos
Biológicos; o médico endocrinologista Jorge Jamili, especialista em medicina
preventiva e regenerativa natural; a médica nutróloga Jane Corona, autora do
livro "Fadiga Crônica" (Editora DP&A), e o biólogo Mario
Pedrazzoli Neto, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP
(Universidade de São Paulo), listam dez motivos que contribuem para a
sensação e dão dicas de como driblá-la.
1 - Privação de sono
Para o cronobiologista Till
Roenneberg, é fácil explicar o cansaço excessivo da vida moderna. "Nós
dormimos muito pouco e nas horas erradas", diz. Segundo o especialista, o
corpo humano é regido por um relógio interno, que funciona de forma diferente
para cada pessoa. Como nosso modelo de sociedade impõe praticamente o mesmo
horário para todos, muitos não dormem o suficiente. Em sua pesquisa com cerca
de 250 mil entrevistados de diferentes países, apenas 16% não sofriam de
privação de sono nos dias de trabalho.
2 - Sobrepeso e obesidade
Mais da metade dos
brasileiros têm sobrepeso, 50,8% da população, segundo dados do Ministério da
Saúde de 2013. Além disso, 17% são considerados obesos. O excesso de peso, de
acordo com o médico endocrinologista Jorge Jamili, compromete grande parte das
funções do organismo, favorecendo a fadiga e os processos inflamatórios.
"O estresse crônico e a obesidade vêm matando as pessoas. Comer bem e
fazer atividade física são fundamentais para evitar a falta de energia e baixa
imunidade", afirma.
3 - Pouco movimento
O sedentarismo é outro
efeito colateral das facilidades da vida moderna. A necessidade de movimento
foi reduzida drasticamente com a tecnologia e a evolução dos transportes.
Porém, a falta de exercícios físicos impacta negativamente na saúde,
favorecendo a obesidade e o surgimento de doenças crônicas, além de diminuir a
disposição. Mesmo que não haja muito tempo livre, a médica nutróloga Jane
Corona reforça que é importante se mexer. "Fazer uma hora e meia de
exercícios por semana já ajuda muito. São apenas 15 minutos por dia",
fala.
4 - "Jetlag social"
A diferença entre o tempo
biológico ou interno de cada um e o tempo externo, dos compromissos e da vida
diária, vem sendo chamada de "jetlag social". Esse descompasso,
segundo o cronobiologista Till Roenneberg, é umas das principais razões para o
cansaço permanente. O problema também se agrava com os ritmos diferentes que as
pessoas adotam nos dias de trabalho e nos finais de semana. "As pessoas
tentam compensar o cansaço no fim de semana, mas não resolve, o cérebro precisa
de sincronia", afirma o biólogo Mario Pedrazzoli Neto.
5 - Intestino prejudicado
A dieta ocidental atual,
caracterizada por grande quantidade de proteína, açúcares, farinhas, produtos
industrializados e poucos alimentos integrais, modifica a flora intestinal.
Segundo a médica nutróloga Jane Corona, além de prejudicar a produção de
vitaminas, essa alteração compromete o transporte de serotonina, piora o sono,
gera um cansaço crônico e promove a avidez por certos alimentos, como frituras
e gorduras. A boa notícia é que com uma alimentação saudável esse quadro pode
se alterar rapidamente. "Em 24 horas, é possível mudar a flora
intestinal", diz.
6 - Estresse crônico
Outro fator que contribui
para a sensação de fadiga é o estresse. Para os nossos ancestrais, o estresse
decorria de problemas pontuais, como um perigo iminente que colocasse a vida em
risco. Atualmente, existe um acúmulo de eventos estressantes, como trânsito,
insegurança nas ruas e preocupação em ganhar dinheiro. O estresse crônico leva
ao aumento do cortisol na circulação sanguínea. "A substância maximiza o
uso de energia no organismo e faz com que as pessoas não consigam
relaxar", declara o biólogo Mario Pedrazzoli Neto.
7 - Excesso de medicamentos
A má alimentação, o
sedentarismo e o estresse da vida moderna contribuem para o aparecimento de
doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. Os problemas se acumulam e os
medicamentos também. Segundo o médico endocrinologista Jorge Jamili, o excesso
de remédios influencia no bem-estar. Muitos, por exemplo, tomam comprimidos
para dormir e depois têm dificuldade para acordar bem. Além disso, existem os
efeitos colaterais de algumas substâncias. ?Os piores medicamentos nesse
sentido são aqueles contra o colesterol, as estatinas, que tiram vários
nutrientes do organismo?, diz.
8 - Pernas cansadas
Mesmo quem não caminha muito
no dia a dia ou passa pouco tempo em pé pode sofrer com aquela sensação de
pernas pesadas e cansadas. A médica nutróloga Jane Corona diz que o problema
está nos hábitos alimentares atuais. É comum as pessoas terem a chamada dieta
obesogênica, rica em gorduras e pobre em fibras, frutas, verduras, legumes e
cereais integrais. Essa alimentação aumenta a circunferência abdominal, os
triglicerídeos e a gordura no fígado, congestionando também a rede linfática.
"As pernas ficam cansadas por esse acúmulo de energia, que limita a
circulação linfática", diz.
9 - Desequilíbrio emocional
O estresse elevado aliado ao
desequilíbrio das emoções pode gerar uma sensação profunda de desânimo.
"As emoções também impactam negativamente o organismo e interferem na
absorção dos nutrientes. É importante buscar o equilíbrio, as atividades de
lazer", declara o médico endocrinologista Jorge Jamili.
10 - Falta e excesso de luz
Por causa do trabalho nos
centros urbanos, grande parte da população passa o dia em ambientes fechados,
com menos luz do que o corpo precisa. À noite, a maioria costuma ficar exposta
a mais luminosidade do que seria saudável. Segundo o biólogo Mario Pedrazzoli
Neto, essa alteração confunde o sistema nervoso e desorganiza a temporalidade
do organismo.
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